Sigas nossas redes sociais

Gandra: polícia para punir aproveitadores da greve dos caminhoneiros

Ao final da homenagem, o professor Ives Gandra Martins abordou a crise social e política que se instalou no país, depois da greve dos caminhoneiros. Professor da Escola de Comando do Estado Maior do Exército há 29 anos, ele criticou os que querem uma “intervenção militar” e assegurou que os generais são absolutamente democráticos e que não vão “romper a ordem nunca”.

Ives Gandra Martins apontou “falha na inteligência” do governo federal, lamentou a “omissão muito grande dos candidatos” a presidente da República em relação à crise e defendeu que o governo acione a polícia para identificar e punir aproveitadores que tentam instrumentalizar o movimento e causam prejuízo ao cidadão comum e à economia.

Veja os principais trechos do depoimento do jurista Ives Gandra Martins.

Falha de inteligência

Houve, primeiro, uma falha no serviço de inteligência do governo federal. Considero que o presidente Michel Temer está fazendo um esforço muito grande para conduzir o Brasil. Conseguiu baixar a inflação, reduzir em parte o desemprego, baixar os juros e (aprovar) uma reforma trabalhista que era fundamental, mas nesse ponto houve uma falha da inteligência. Por outro lado, houve um aproveitamento de políticos que não pensavam no país. Por exemplo, todos que querem intervenção militar.

Chance zero de intervenção militar

Eu sou professor da Escola de Comando do Estado Maior do Exército há 29 anos. Quase todos os (atuais) generais ouviram minhas palestras quando eram coronéis. Não há a menor possibilidade (de intervenção militar). Todos eles são absolutamente democráticos. Se chamados para repor a lei e a ordem, eles estão à disposição. Para romper a ordem, nunca.

Exploração política

Há uma exploração indevida por uma direita extremada, que não representa jamais um pensamento diverso, e por uma esquerda que pretende que sejam soltos aqueles que a justiça encarcerou. Essa exploração dificulta toda a nação, trazendo um prejuízo enorme.

Deserto de lideranças

Houve, portanto, uma falha generalizada. De inteligência, por parte do governo Michel Temer, exploração indevida por essas alas radicais de esquerda e de direita, e uma omissão muito grande dos candidatos. Não estou vendo os candidatos à presidência tomando uma posição de coragem. Correndo o risco de ser mal interpretados nas suas posições, mas é isso que se espera de um líder. Isso me entristeceu no país, porque deu a impressão que estamos num deserto de lideranças.

Omissão imperdoável

Se o governo não procurar detectar aqueles que procuraram instrumentalizar o movimento (dos caminhoneiros), que estão criando piquetes, que dificultaram o abastecimento das cidades, que prejudicaram a vida do cidadão comum, que prejudicaram brutalmente a economia brasileira, se não houver uma investigação em profundidade para que esses cidadãos sejam afastados, não só da vida política, mas do convívio com a sociedade, eu tenho a impressão de que essa omissão seria imperdoável.

Acionar a polícia

É o momento de as autoridades acionarem a polícia para fazer a investigação necessária para saber aqueles – não os que fizeram um movimento legítimo – que procuraram instrumentalizar o movimento em benefício próprio, com intenção de criar o caos. Isso é matéria que as autoridades têm que pedir à polícia para investigar.

Acesse mais noticias